quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

maysa de uma só vez


pretérito imp.

como se bastasse,
se debatesse e atirasse
num rio profundo de mágoa
sem canoa à borda, sem borda.
como se quisesse,
se estirasse sob o sol a pino
num dia fundo de azul sem fundo
o horizonte altivo clareia.
como se pudesse,
ser homem e criança ao mesmo tempo
relembrar dos velhos tempos
vivendo nos novos
desejar voltar, sem arredar o pé.
Bastasse, quisesse, pudesse...
nada aconteceu.

divagação à toa.

um pouco de ânsia e de vontade misturados, duas palavras que dizem ligeiramente a mesma coisa, mas são completamente diferentes em si, dizem a mesma coisa, mas são duas. Antes de mais nada, começar com ânsia e vontade somados deve ser uma baita necessidade, surge a terceira palavra resultante da soma da primeira e da segunda, que não diz a mesma coisa que ânsia e vontade, mas que se somando ânsia mais vontade talvez possa obter necessidade. É assim, (di)vagando em palavras que eu acabo por encontrar...nenhuma! Nenhuma que possa traduzir, dizer, desdizer e omitir aquilo que sinto verdadeira e intensamente agora e nessa semana. Pode ser uma verdade e uma vontade conectadas, pode ser uma mentira ou uma semi-mentira, ou uma quase-mentira, não totalmente, ligada à necessidade. O mentiroso só é santo quando tem razão de o fazer. Divagando continuo nesse mar de palavras portáteis, desmontadas, remontáveis, hábeis, que incluo nesse meu mapeamento emocional. Claro! O escuro torna-se mais claro, ou o claro, mais escuro, quando a gente se enrosca em ficar dizendo muita coisa. Só sei que quando a mentira pega, todos os mentirosos tornam-se culpados.

Olhos Negros


Olhos negros

Negros são os breus se não são meus ao meu olhar

Olhos negros

Por não serem meus serão do mar

Mares negros

Mares negros

Eu te mergulhei por serem bons de navegar

Barcos negros

Velas, ventos, naus a me levar

Olhos negros

Diz quem é você

Não me negue o sim

Guarda para mim um negro olhar

Tardes de verão

Noites do sem fim

Ardes para mim negro lunar

Olhos negros

Juro que eu sonhei quando encontrasse me entregar

Luzes negras são como faróis a me guiar

Na luz negra do mar

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

o pássaro - era para ser o vento

interação com pequenas formas disformes de sentir

interação com pequenas formas disformes de sentir

não tem cabimento
quando a gente se vê
coisas mexem por dentro.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

era para ser o vento

'"se eu tivesse certeza,
não procuraria
da incerteza
nasceu a utopia"

sorriso silêncio

vou fazer pizza de shitake pra você
e cookies de café de sobremesa,
te quero na mesa do jantar
frente a meu rosto de vontade,
quero você frente ao espelho
e ao fundo meus pensamentos sobre nós.
Vou fazer poesias perdidas pra você
que se farão entender
quando você as ler
tão loucas e belas
flores de um caderno velho.
vou fazer malabarismos por você
e ouvir você dizer você
em resposta
um silêncio sorriso
ou um sorriso silêncio.
Vou nascer e morrer
pra você
vou me refazer e desconstruir
tudo que outrora era verdade
agora pra gente a nossa verdade
é veia, e vela, é fio, e fala, e folha.