sábado, 29 de dezembro de 2007

tudo é questão de tempo

O tempo pra amadurecer opiniões, questões pendentes, inimizades, libidos. O tempo no porta-retrato a retratar um desejo: voltar o tempo e acabar de vez com essa obsessão pelo seu tempo. O tempo como forma de atemporalizar alguém, tirar do real, e pô-lo numa acronologia estupidamente fria, é bem isso, fria. O tempo que se faz pensar, o tempo protagonista de tudo de dentro do HOMEM. É o mocinho e o vilão desse tempo. E sem tempo, a gente se envolve num cobertor de ausências, cru, e morrer.
Quero envelhecer bem.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O Eclipse

escurece
o que há entre eu e você
que se aquece e se esquece
de ser e permanecer dois?

enlouquece
a face vermelha tivesse
beijos marcados de um batom barato
você é um barato, e eu vejo o que em nós anoitece.

caísse
dor de um amor velho,
no museu que expusesse
o seu músculo, coração estilhaçado,
para ver que eu sou um bandido
um touro que quiçá fizesse toureiro caído,
machucado e aturdido.

quisesse
esquecer tudo, eu e você
mas não talvez merecesse
à mercê de nós dois
um e outro nos permitir depois.

Você me viesse dizer
que o amor em nós dois
é agora apoteótico e caótico:
vamos nos arrumar.

Entra já pela porta
não faça barulho
zombe minha face
mexa no meu cabelo
depila meu pêlo
nu a frio me deixa no chão
cubra a noite de longos suspiros,
espirros, tira o gato daí,
eu vou me deitar em você;

Reveja o porta-retrato no armário
escárnio do passado que não deu certo

de certo
você não voltaria

sábado, 15 de dezembro de 2007

sem sombra

Fecha o cerco. O circo de horrores ainda está de pé. Você sabe qual é o nome da doença quando se acha que é perseguido, falido, indesejado, mal amado, traído e hereditariamente um fiasco de ser humano? Como se chama e se cura? Como se cura, doutô.
Fecha o circo. O circo de horrores chegou na cidade, e o que se tem a fazer é fitar as fitas que pendurei no varal, fitas coloridas, ver o tempo passar, as nuvens passarem, os pássaros pisarem. Ver. Fecha o cerco, o sol invade minha cara, quando eu tava dormindo, o sonho era tão bom. Realidade de mau humor. Dirigir de mau humor. Ser um mau humorado do caralho, e as formigas invadindo o teclado, eu engoli depressa o almoço pra depois à tarde não ser mais, dormir e dormir, nem acordar, o homem sem sombra.
quero o filme mais bonito que há na minha tevê e eu rever tudo de bonito e não ficar nessa coisa de não ser, e também não ser outro, mas ver o bonito no que é pequeno e simples e real.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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ADEUS CONFIANÇA

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

(sem título)




une femme est une femme

acabaram os trabalhos, graçasadeus. Começa o marasmo. Fui ver "une femme est une femme", comprei uma pipoca grande, e me diverti. Hoje estou com vontade de relatar coisas, sem florear muito. Tá tudo arrumado na sala, as malas, os cds empilhados, amanhã bem cedo volto prá Birigüi. Hoje mandei o trabalho sobre Pasolini prá Josette, ela nem vai gostar, mas quer saber, foi nas coxas! A Juliana e a Cheiko já se foram. Hoje na aula de francês a professora mais do que nunca desandou a falar de suas viagens a Paris, eu achei divertidíssimo, Cheiko odiou. Depois fui devolver Império dos sentidos na locadora, Juliana que gravou, nem quis ver, tinha cena de castração, e japonês pelado, hahaha. Acabaram os trabalhos, e eu nem comprei o cd da Maria Odete. Vai saber Deus quem é Maria Odete, mas hoje baixei um da Maria Creuza, e tô de olho no da Maria Medalha. Vixi Maria, quantos nomes compostos com Maria! CANSEI DE ORKUT. CANSEI DE SORVETE DE CHOCOLATE E DE PASSEAR PELAS RUAS DE SÃO CARLOS. CANSEI DO CARLOS. Fui ver "une femme est une femme" e quase comprei "O bandido da luz vermelha" na livraria cultura, mas preferi não comprar nada. De Natal vou pedir um beijo.

sábado, 17 de novembro de 2007

seule

sussurrou palavras em francês, um francês bem ruim, dizia-se seule tão infinitamente na sua. Ficou parado durante dias naquela posição de morto, talvez sem respirar. Nasceram asas e uma outra vontade nele, voar, voar. Sussurrou algumas outras palavras em francês tristesse, e abaixou a cabeça sem se deixar ouvir. Não queria acordar o sono dos seus demônios. E se mexeu pela primeira vez em anos. Comeu, e murmurou outra palavra em francês l´amour e não disse mais nada depois que repetiu o seule e se cansou da vista daquela janela e se mexeu. Foi até o jardim e buscou a lua, não tinha, no seu mundo a lua se esvaíra tão logo, naqueles dias em que esteve parado, sozinho. Disse uma frase em francês je veux une petite chatte e voltou-se à sua paralisia, seu coma aconchegante. Disse mais nada e morreu sozinho como quem morre afogado numa praia deserta, como quem explode num ônibus interespacial, como quem se envenena de amor, ou como quem sonha sozinho com algo que não se alcança.

A dança dos amantes

Em larga escala soltam palavras eu te amo
em baixa escala amam mesmo
em grande tamanho dizem pra sempre
pequeninos os que permanecem
todos querem um amor
poucos vivem para um amor
nenhum continua

se há lua, há amantes
amantes nos mares revoltos brindam
amantes causam acidentes aéreos com suas energias moleculares extra-terrenas
amantes se carregam e se descarregam toda vez que brigam e voltam
amantes fazem flores nascer

se há lua, há amantes
se há você, há eu

um mundo novo
amantes criam
amantes procriam
filhos, felicidades e beijos
amantes não receiam
o fim do mundo está perto.

Terras tremem, anjos caem
estremece o universo com amantes
tudo fica um pouco desconfigurado
amantes amanhecem o sol
e adormecem a metrópole que não pára
amantes param metrô, trem, jato
amantes jantam poesia.

Ah,
que vivam os amantes
mesmo morrendo de amores
renasçam de amores
e sejam.



a noite dos cacos


Prurido

Como se fez um desejo. Como haveria de se fazer uma reação de um desejo.
Você está trancafiado em você, em cofres, você se resguarda, noite a dentro não se vê você passar, nem se ouve sua voz cantando Maysa, a canção do amor mais triste. Como se fez um desejo, você se resguarda hoje e amanhã, talvez até se desatar dessa ausência no seu peito. Bota uma música pra tocar e dance. No piso mais alto do prédio em que você mora, você resiste em se jogar de lá. Você resiste em dizer que a lua tá bonita. Como se fez desejo, há uma prisão que o envolve, há um saco de beijos banidos que você botou na lixeira. Há e não há. Você dança na pista da noite mais clara pela lua, toma sua cerveja e pensa em Marguerite Duras. Você pensa em sexo, e se trancafia com alguém num banheiro. Você depois não dorme bem. Como se fez desejo, você pensa em artes plásticas e naquelas tintas todas sobre seu corpo volúvel, instável, magmático, enigmático, fatigado, metropolitano... Você vai tomar suco e comer um cheeseburger sozinho ou acompanhado não importa, pois o vácuo da sua expressão será fonte do seu pensamento, e uma instropecção longínqua que você namora. Você mora com a sua fatalidade. Você namora seu pôr-do-sol toda tarde e seu espelho de moldura barroca. Você vai se trancafiar de novo, e botar seu coração num cofre, ou então deixá-lo perder em meio à Revolução tal como o pequeno príncipe francês, 1789. Você vai se resguardar e repetir os mesmos erros. Você se deixaria embalar pela canção da Maysa? Você se fecha. Você vocifera. Você.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

fuzilamento dos sonhos mais presentes em minha vida, nesse momento

um dia ou dois

Do ponto zero. Do zero. Do nada. Do branco e do escuro. As janelas abertas e fechadas, um pouco de anseio e de calma. Uma calma. Uma bizarra invenção, uma perigosa infecção. Estar com você é não estar. Morrer e morrer. Partir. (re)partir. Ficar. Desejar ficar. Olhar para o ponto zero. Olhar para trás e morrer de tanto respirar fundo. Não se respeitar por enquanto, desejar o momento e adormecer. Debaixo das cobertas e dos lençóis, os sóis na janela, os seus olhos parados. Estar e não estar com você. Caminhar junto. Alcançá-lo mais a frente. Bater de frente com o orgulho, brigar e brigar, jogar nosso porta-retrato no chão, pisar, ficar, se acalmar, tomar um café. Desejar não estar, estar. Fazer um filho com você. Caminhar junto. Dosar sua glicemia, receitar o seu remédio: eu. Te acalmar. Te desejar longe e te desejar junto. Sonhar com a volta. Brigar. Te chamar de filho da puta, te bater na cara, te beijar longe... longo. Momento do instante do agora fica assim: vem, me mostra o jornal. Não se acanhe com meu olhar. Não olhar. Pôr venda. Vender nossa casa. Ver o pôr do sol na rua de trás. Atrasar no jantar de um, dois anos. Te chamar pra casar. E um ou dois dias mais repetir toda a façanha de te conquistar. Fugir, voltar, fugir. Descer as escadas, mas depois subir o elevador, te chamar pra sair, sair sozinho. Beber demais, dormir demais, não estar demais. Estou aqui.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O poeta pede calma, pede a morte, não pede.

Esse supor, esse tambor nos ouvidos, nada se cala, o que vemos é a beleza e tristeza de um dia não vivido, de um dia que não vem, tarda a se fazer belo. O que vemos é o que não podemos ver, a fenda que nos mostra o escuro, a noite sozinha e vã. Deixe-me fragmentado, descaracterizado e prepara-me para o fuzilamento dos meus sonhos e do meu corpo, nada me resta, nada me sobra, só me sopra a verdade de que tudo é um sonho, lúdico infeliz, tudo é uma verdade deturpada, distorcida num daqueles espelhos gigantes. E eu sou menor. E eu sou pequeno. E eu sou invisível, agora.

Nossa luta armada

Guerrilheiro de mim

a nossa luta armada que é?
pra continuar nos seus braços
armados de seus beijos e anseios?
pra ficar calado no silêncio do seu respiro
ou pra ter a beleza de dizer amor?

a nossa luta armada que é?
uma razão ou uma irracionalidade?
uma certeza ou uma fragrância
ao ar solta a esmo, um vento perdido
um sopro calado um nada? que é, me diz?!

a nossa luta armada foi vencida
pelos beijos imperialistas do cômodo
você e eu já nem temos nada
você e eu já nem somos nada
e você e eu nos acomodamos
sem nossas armas, agora já perdidas,
sem nossos braços, uma luta de outrora
sem nosso horizonte de vencer
eu e você nessa noite vazia.

domingo, 4 de novembro de 2007

O BEIJO DA TARDE

CARNE DE UM BEIJO CARNUDO SONHO OLHA EU OLHANDO PRÁ VOCÊ MÃOS SÃO EU E SEU DESPREZO ATADOS NUMA GRANDE VERDADE: VOCÊ OU EU QUEM VIVE MAIS E MELHOR SOZINHO QUEM É QUE SUPERA A DOR QUEM É QUE REVIVE TODA POESIA DO TRIUNFO? SOU DE QUEM? A QUEM CHAMARIA DE MEU DONINHO? QUE É QUE FALTA PARA NOS ATARMOS NUM GRANDE ABRAÇO APAIXONADO NUM BEIJO DE BRESSON NUM AMOR HISTERIA NUMA DOR BEM LONGE DE NOSSOS CORPOS!!!!!!!!!

ter e não ter

a liberdade chamar de sua
fontes e abismos no meio de uma estrada crua, desconhecida
um pouco de receio, um meio de se viver,
verdades e janelas escancaradas numa casa nua
todos seus amores incrustados em você
saber que você muda, que eles também
um pouco de mim, doado, um pouco de mim

a liberdade chamar de sua
fontes e abismos no meio de uma rua torta
o roto do seu passado bem na sua frente
sua fome, seu pedido de poesia, seu verso
a liberdade se transforma em prisão
quando cego de amor não vê o clarão
quando preenche no momento o vazio
e vê a irrealidade real uma fugaz companhia

a liberdade chamar de sua
e ser como você um verdadeiro camaleão
mudar palavras, partir sem avisar
não tomar o café que você me pagaria
nem ficar para o beijo da tarde
ter e não ter medo, ter e não ter amor.

O beijo da tarde
ardida, arde, salpica-me
de tarde, de tempo indo
esvaindo como uma luta
minha e sua
minha e minha.

O beijo da noite
na escuridão da noite
eu nem mais espero.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Meu mundo caiu


MAYSA

PODE FINGIR

que caia o céu, hoje não tô nem aí, hoje não sou, hoje não quero, talvez nem amanhã. Vá pra puta que pariu tudo que eu quis, tudo que foi, tudo que é. Mas amanhã eu voltarei.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

dizeres

você
SUA SENSATEZ
SUA FORMA DE SE ENTREGAR
SEU OLHAR
SEU OLHAR
SUA INSENSATEZ
SUA FORMA DE SE PRENDER
SUA DOCE VERDADE EM MIM
VOCÊ, EU, ASSIM
SUA SENSATEZ
SUA FORMA DE SE ENTREGAR
SUA REVELAÇÃO


SEU JEITO DE ME TER O DESEJO
SEU JEITO FACE A FACE LONGE
SEU JEITO DE ME RESGUARDAR
SEU JEITO DE AH, SEI LÁ
É UM JEITO, NOVO JEITO
DE ME DEIXAR PERMITIR
E ME BOTAR LOUCO
E ME BOTAR LOUCO
ESSE NOVO JEITO SEU
QUE NÃO TEM MAIS JEITO
DE EU ME DESATAR
ESSE NOSSO JEITO
NOVO JEITO DE NOS PRENDER
ESSAS VONTADES, ESSAS.

Casa Forte


No meio do nada, antes que era nada, agora tem uma casa, casa forte, segura, mesmo que a esmo, mesmo assim, uma casa forte resiste ao temporal, aos ventos fortes e inconstantes, às areias arremessadas, ao sereno, desamparo, à lua e ao sol, ela resiste, mora sozinha, em mim, em você, casa forte serena, casa forte, solidão e ausência, do seu lado, eu, ao lado meu, você, que essa casa forte representa tudo que eu e você almejamos, um futuro, uma eternidade...

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

terça-feira, 2 de outubro de 2007

por hoje eu jamais voltaria

flor, floresta o que há em mim, o que há em você que nos desvenda? que nos detesta? que nos alterna, dia a dia, sonhos, eu sei lá. Hoje e só por hoje não entraria nessa floresta dentro de você, esse caminho de galhos tortuosos, escuros, e o cheiro de flor e terra. Só por hoje eu seria um animal fugitivo, um animal em extinção, um desgarrado, bastardo, e fugiria muito além de seus olhos-faroletes de como quem vigia suas entranhas florísticas e sua caça amedrontada: eu, por hoje eu jamais voltaria.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

sábado, 22 de setembro de 2007

seu natal


E se viesse uma Marilyn estonteante e só sua cantar-te deliciosa e demoradamente o melhor parabéns pra você de sua vida será que emoções mudariam? Se você passasse seus cumpleaños ao lado dele, ao lado dela, ao lado deles, do seu lado, transparente-sorridente, como nasceria o outro dia? Presente fosse a sua permanência em mim, que malogrado poderia me recair? Que infortúnio teria eu de reclamar toda tarde? Eu sei bem o que dói, eu sei bem o que se passa num turbilhão de veias/artérias/sangues/mente/coração, só se sabe bem que vive bem de perto o indesejo, a desvida, e a felicidade também. Que é felicidade? Feliz-cidade, consigo, dentro de mim uma paz subalterna, e no reduto mais criativo cultivar a melancolia, para quê? Se sempre-sempre você se deprime, liga a tevê e vê o jô até mais tarde, depois de um dia inteiro zero, um dia inteiro jogado ao lixo, como quem está de coma, e vive na coma o sono da esperança, eterno ou não, você há de me dar razão de que tudo que um homem precisa é de um amor bem sucedido, é reviver no passado suas experiências boas e ruins, claro, é escutar no cassete a fita de uma música que acalma ou que delira, é torcer pelo mocinho e mocinha na sua estória de amor, é se reencontrar no espelho, se amar/se odiar, é ser e não ser, viver na antimatéria o acaso de desfrutar sua vida em contagens regressivas: dois, um, é felicitar-se um grande boêmio, vívido, experiente de sensações e amores, é ter um só amor e morrer por ele todos os dias, é não ter dia que não valha, é e não é. Hoje, mais do que nunca, eu só amo.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

hoje é dia da agonia


Bresson
atônito/frouxo
feliz/cidade-sozinha
cartão postal dos perdidos
mapa para se encontrar
dentro/fora de si
o sim de hoje o não do amanhã
ternura/eterna
nunca/sempre/calabouço

dê-me a mão, logo agora
não demora, seu desgraçado
meu amor.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

às cegas

por entre sonhos perdidos, anseios perdidos, cachorros perdidos num passado-presente perdido, os anos vão perdidos, os amores vêm, perdido fico, faz-se, por entre, não entre, hoje quero ficar sozinho, nostálgico, em sépia, sem razão. Ah, foda-se a vergonha de chorar hoje, só hoje não quero permitir-me forte. Só hoje serei fracote.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

MINNIE ET TOI


trombe em nuvens torrentes
em beijos ardentes desfaça-se
meça palavras distantes
ruídos, amantes, cale-se
comece a escrever poemas
dê nome a eles
tenha um gato.

MINNIE ET TOI


compreende o bem que me faz.Você repousante, sem essa Minnie no colchão, sem esse chão duro, só solta ao vento, livre, linda e de nada loura, caminha paralisante nuvem, o vento se desfaz num sopro, sofro na reviravolta da natureza do meu interior.
compreende você repousante, Minnie, linda e de nada se desfaz, sofro meu interior.
Livre, compreende, sem esse vento, caminha na reviravolta.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

os pássaros



toda elasticidade




ser uma imagem de vídeo
um frame
uma tela de tv
para conter/comer antropofágico
a poesia dos mundos
e um sentimento arrebatador
como uma enchente paulistana
um acidente aéreo
um ataque epilético no metrô
e retrô, gostar de sofrer.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A Duquesa



A Duquesa
sombra do desejo
se ajoelha na minha frente e baixa todas as minhas defesas
demorando-se
Não toque!
tarde demais,
consistiu, insistiu em ficar
o objeto feminino monumental

sábado, 18 de agosto de 2007

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Todo o Sentimento - Chico Buarque

preciso não dormir
até se consumar
o tempo da gente
preciso conduzir um tempo de te amar
te amando devagar e urgentemente
pretendo descobrir no último momento
um tempo que refaz o que desfez
que recolhe todo sentimento
que bota no corpo um outra vez
prometo te querer até o amor cair, doente, doente
prefiro então partir a tempo de poder
a gente se desvencilhar da gente
depois de te perder, te encontro com certeza
talvez num tempo da delicadeza
onde não diremos nada, nada aconteceu
apenas seguirei como encantado ao lado teu.

depois de te perder, te encontro com certeza

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

mergulho


Mergulha dentro de mim, assim. E voa!

p. 1278

AMOR

O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

Amor - eu disse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou até mim.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 4 de agosto de 2007

não feche o tempo

não feche o tempo, tem tempo.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

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Três Cães Sem Donos



Cão sem Dono, tarde, que encontro han, inusitado tão mais feliz, coração subiu-desceu, fez zigue-zague, morreu por segundos, cresceu no espaço, murchou, adeus. Mas ai, risos e limonada, ice tea, bilhete único. Estações seguindas: 1, 2, 3.
Preciso ir embora, mas eu fico, mesmo indo.

ARDOR



"sonhos paulistanos, desejos paulistanos, vontades, casamentos, fiéis vontades, ardores e dores, uma só vida em paulicéia, agora tudo passou e se voltará eu já nem sei, se quero, quero, tudo mais, um pouco mais, o cimento em meus pés nada finda, terra treme como uma grande nuvem estrondosa de chuva, a gente sem guarda-chuva fica parado aonde está, quieto, tendo de deixar a terra de lá, onde eu mais que findei a raiz, onde noite-dia eu vivo, vivo."

terça-feira, 31 de julho de 2007

Rosas Rebeldes Não Exalam Perfumes

u know i´m such a fool for u


Certas Caretas jamais bastariam, e uma grande vontade de me mostrar tolo, todo tolo, palhaço, bobo da corte, um embriagado, enrubecido, vergonhazinha, sabe. Felicidade.
Você sabe que eu sou um pouco tolo por você.
Danço sozinho com cabos de vassouras, espanto pássaros, ainda sorrio para o céu.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

não chora, neném


mamadeira, de mamãe, faminto bebê descansa a responsabilidade de ser bebê, criança de mãos dadas na ciranda de uma grande brincadeira. Corpo volúvel, mãozinhas de "eu ainda não sei crescer" e a pequenez em todo corpo, todo o resto do corpo.
O bebê triste engatinhava num cercadinho singelo, brinquedos coloridos, chupeta rosa, um bocado de chocalhos, nuvens no céu, para se andar, o bebê estava fatigado, o olhar de sono e de choro se misturava à chuva por cair, um pouco mais e caía o sono, um pouco mais, adormecia ali mesmo, e como tabefe, o bebê pôs-se a repousar, subita e instantaneamente, passou a tarde inteira assim, deixando de lado pernas de bonecas arrancadas com voracidade de criança, carrinhos minúsculos que poderiam descer esôfago abaixo, cruz-credo. Adormece o bebê triste, amordaçado pela pequenez física e anjo como quando voa nos sonhos e na imaginação de ser grande. UM GIGANTE, enfim.

quarta-feira, 25 de julho de 2007


Reparei nas pernas pesadas inquietas e gatos famintos, ratos soltos, que importa, um pouco de sol um pouco de chuva, nada mais inconstante e dúbio que o sentimento do medo. O medo dos caminhos com essas mesmas pernas de trombose, pernas de salto, trombetas no corredor de madeira, toc, toc, toc, toc, cadenciado com um movimento trêmulo: o medo.
Medo meu senhor, de ser assassinada, sabe lá deus, ou ser descoberta como a mulher mais infeliz do quarteirão, sabe lá deus, ou de, ainda, verem nos escritos dela, um ai, de sofrimento, ou um ai de vou-me embora, mas suas pernas pesadas impediam.

HUSDHDSDSM



dfg




t

terça-feira, 24 de julho de 2007

pode ser


pode ser
mas a gente não cresce
a gente segue, então.

só bem depois



pode ser que a gente cresça
e um dia veja na árvore da memória
nossas infantis brincadeiras de ser
eu quero ser... eu quero ser...
astronauta, cineasta, dona de casa,
marido, vendedor de chups chups
dono de pastelaria, manequim
o que você quer ser, Karen
longe de mim?

pode ser que a gente cresça
ela toca desafinadamente o violão da saudade
depois guarda-o delicado na estante do passado
e assim revemo-nos cotidianamente, presente!

sumo da cidade

febril febril febril febril febril febrilfebril febrilfebril febrilfebril febril
LUZES DA CIDADE

recostado ao tronco, vejo o céu parir a lua
de longe cidades minúsculas ante ao meu desalento
sumo no mato, no ato em que escrevo
nem me recordo mais, se sou terra ou cimento.



quinta-feira, 19 de julho de 2007

P

pode e não pode
pôde podia pudera
per por pôr
pedir e permanecer
podendo perder primeiro
primaveras perfuradas
penduricalhos nos galhos
por dentre pêlos
pesadelos e penugem
de pássaros, pardais perdidos
problemas para pessoas podadas
perduram pesados Pes.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Sujeito e verbo

és meu sujeito, existente e bem existente, por sinal
o verbo posto a ti pode ser o amar, desejar ou o estar?
por mais incerta conjugação
erro de gramática
pretendo conjugar em ti o permanecer
e se for pouco, ou muito, eu não cedo
ainda é cedo para finalizar a descoberta
tu és, você é uma caixinha incerta
na minha estante, cabeceira,
só tenho certeza do que fazes comigo tu
do que faz você, esse rebuliço
essa felicidade de um sujeito + verbo + objeto
tudo igual a um substantivo tão usado
AMOR

num dia de inverno ou com você subo às estrelas e não retorno


pés gelados

corações quentes

e um grande amor

terça-feira, 17 de julho de 2007