sábado, 31 de maio de 2008

GUERRA E AMOR

La poésie est dans la rue. Nous sommes la poésie.


Em p&b estamos na poesia do seu interno. Nesse seu terno amassado guardam lembranças, rotas marcadas pela distância, pela saudade. E esse olhar de menino-deus, a buscar a outra, o desejo, a pétala do seu universo apartado, é tão incoerente com essa força dos seus braços, nos seus braços carrega o mundo da sua paixão. Nossa paixão é o frame digitalizado e você nas nossas telas. Aguardamos sua palavra que não vem, querendo falar tudo se resume em gesto. Tua fome de amar é coerente com o vídeo, e teu seio se abre a vontades. Teu seio é cinema. Em pêlo, o apelo de seu texto tateia Agnes. Você sabe que você está preso em você. Nós também.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

interurbano

trim
estou te ligando,
atende.
estou na linha
há horas
mil horas
atende.
toda vez que te ligo
você e eu emudecemos
entende
atende
toda vez que eu ligo
acende
ascende
me entende?
então atende

sábado, 24 de maio de 2008

A IDADE DA TERRA

DESORDEIRO CAMINHA BRAHMS
diante de Brasília bravatas e querelas
diante da câmera de Glauber, seqüelas
de uma história brasileira.
Caminham Brahms e Cristos
crucificados insepultos e transeuntes
falantes, farsantes e famintos
caminham Cristos em solo nacional
caminha Glauber diante do sol
DESORDEIRO E ANTI-FÍLMICO
magnificado pelas palavras proféticas
realiza incursões estéticas e enfáticas
em BRAHMS o estrangeiro, o outro-anti-nacional
o ouro da nossa Terra é nossa
e a vontade de guerra de Cristos
perpassa frames, francamente falantes.
FILME TESTAMENTO FILME ANUNCIAÇÃO
FILME FUMAÇA FILME FOGO FILME FOME
FILME FALA FILME ATO FILME HISTÓRIA
fagulha fagocitada pela lente pouco digestiva
de um Glauber doente e inconsciente o mais sábio
GLAUBER FOGO GLAUBER BERRO ROCHA PENHASCO
de sabiás em sabiás, nossa terra se desfez
ESTAMOS SECOS ESTAMOS FAMINTOS ESTAMOS COLONIALIZADOS.
DESORDEIRO SEGUE BRAHMS
O DEMÔNIO SPEAKS ENGLISH
diante da gente.

domingo, 18 de maio de 2008

Senhor José Mojica



Somos estudantes de cinema e gostaríamos de entrevistar o senhor, tá? Ele não respondeu, nem disse não, nem disse tá. Mas liguei a câmera e comecei, antes ele quis acender um cigarro, não pôde. E comecei a perguntar sobre cinema, sobre o seu cinema, sobre o seu cinema na ditadura, foram três ou quatro rápidas perguntas para aquele senhor que parecia com sono, cansado, velhinho, eu o imaginava forte, grandioso, e resplandecente, mas não. Eu fiz as perguntas, alguns planos, a Ju também, a Cheiko e o Eduardo estavam lá.
Aquele Senhor José Mojica tinha unhas estranhíssimas, amareladas, não importa. Por fim ele assinou sobre a foto de "À meia-noite levarei sua alma" do livro Cinema Marginal da biblioteca, nem meu era. Queria ter falado mais, incitado mais, dito sobre Glauber Rocha, Cinema Novo, Cinema Margina, Vanguarda, Gênero de Terror, Cinema Contemporâneo Brasileiro, Meios de Produção Cinematográfico... blá blá blá... Ce ça. Vou editar as imagens.


sábado, 17 de maio de 2008

En el cielo

Sobretodo, estoy delante de mi rostro
y mi rastro preso en sus ideas
en su imaginación,
mi amor y mi corazón
son tuyo
y tudo en mi cuerpo
deshace ahora
cuando pienso en usted
cuando veo usted
cuando soy usted.

A SANTA PELADA


Quinta foi engraçado, o ensaio começou com notícias não tão boas, pessoas saíram, as cenas teriam de ser reformuladas, enfim, tinha tudo pra ser um ensaio sem força, mas não.

David, Anna e eu estávamos presentes, completamente enraizados naquele chão, esperando só o momento de podermos nos despir de pensamentos externos e começarmos a atuação, a entrega, a resistência. O exercício inicial foi uma espécie de mantra atuado, uma Ave-Maria diferente, sentida, os corpos mexendo de acordo com cada palavra, cada frase. Sentir e atuar aquilo eram difíceis, em alguns momentos nos perdíamos na reza, na repetição, no espaço. Depois, fui arremessado aos leões. Num cubículo, um cubo de madeira, tinha de conter meus movimentos e fazer uma cena, pensar numa cena, em palavras, em gestos, não podia parar. O que veio espantou-me, as palavras, a cena: a santa pelada surgiu como quem surge vestida, discreta, depois me tomou o corpo, o pensamento, repeti várias vezes até conseguir um grau de entrega e de concentração que eu jamais imaginava. Sentia-me envergonhado, tal qual o personagem, castrado por me mostrar ali, diante deles, toda minha fraqueza em dizer: “eu era uma santa, uma santa pelada, que mostrava o peito, que se mostrava toda pra todo mundo”. E eu dizia, eu ria, eu me entregava, um cansaço começou a me tomar, e quando parecia rendido e morto, David introduziu a Anna na cena, fizemos tudo com os corpos, com as falas, com a santa.

Rolávamos no chão e esculpíamos imagens belas, mãos entrelaçadas, abraços findos, olhos concentrados. David nos guiava diante de nossas permissões, diante de nossos desmembramentos, diante de nossas loucuras. Confiantes, produzíamos imagens pictóricas, falas esparsas. Revezávamos na santa, mas éramos um só corpo, um só pensamento.

No final, acabou que foi uma criação interessante. Apesar dos pesares, estamos empolgados e queremos continuar. O palco permanece. Permanecemos inertes no estado de entrega, a soltura de nós mesmos nos traz ao compromisso e ao deleite que só nós nos permitimos. Estamos diante de nós mesmos, fonte de arte e de criação.

8/05 - grupo de teatro "Toró di Parpite"

CÉUS SÂNDALOS ESCÂNDALOS VERMELHOS

hoje acordei nu e estou diante de um espelho penetrável, mergulho fundo, e caio de cabeça num céu que se abre pra mim, nu, sem estrela alguma, algumas nuvens, algum vento ventania fortes que me velam, nu. E levar-me para algum lado dessa noite, já está ficando dia e não cesso de olhar, eu olho, eu me entreolho, que está no rádio? Uma música da Gal fatal. Estou nu diante de mim e você com aquele jeito leão fez-me o quê? Deixou-me em escândalos vermelhos, rubor supor que você não me conhecia, agora já sabemos de um e de outro todas as verdades da pele, e sob a umidade da noite nos encontramos. É no meio do labirinto sórdido que te vejo estátua nua sobre um arbusto aparado carinhosamente pelo jardineiro que já se deitou, na Rua dos pessegueiros, número 401. Você é um delírio. Você é uma forma disforme de me dizer que eu vivo e que não paro minha respiração nem quando durmo. Você é meu vácuo preenchido de você de verdade de perfume doce.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Venus sola

Yo la miraba
como yo, ella estaba
tan modesta una estatua
sus ojos mares buscándome
sus manos caritativas serpientes
estaba como estaba
Venus atenta, Venus triufante
delante de mi mirada
ella y yo estábamos
en la noche vacía
con los dolores del cielo negro
aunque nosotros llenos
de ternura, mi cariño
de esperanza, mi aurora
no hay hora que no la veo
así: Venus sola, mi mirada.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

porque não amou...

Anda diante de fato falante ferido conferindo toda em sua estante
amores e amantes que vêm e vão no vão do seu peito o mesmo receio
de ser sozinho quando anda calmo e perdido nas avenidas sem rumo
e por uma olhadela no céu vê que seu é nada e que tudo que tem é ausência
ao seu lado a ausência atrás a ausência na frente a falta que tem
quisera ficar permanecer e estar sempre com alguém que pudera dizer:
eu amo você nunca vou te deixar não há porque temer esse amor é você
que me traz e me faz ficar humano e de coração eu o amo com ternura,
essa doçura de afeto foi pro ralo, nem é feto daquilo que poderia ser paixão
e em seu coração que ficou foi descrença, que matou foi cansaço,
que o tornou um velhaco rabugento e reclamão,
todo dia acorda cedo, chora e chora, sem receio,
mergulha na mais profunda solidão de velhice,
traz pra gente a bizarrice de ser o não ser
é todo casulo, vai morrer nulo porque não amou.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

VEIAS E ESTADOS


VEIAS E ESTADOS DIFEREM, OS OLHOS FEREM, CORTAM A CRUEZA DA DUREZA DA CERTEZA DA SUA PELE O PRURIDO DURO E OCO E VERDE DE VEIAS SANGUINAIS VEIAS CERTAS E CERTEIRAS QUE VÃO E VÃO E VÃO. ESTOU DIANTE DA SUA MINÚCIA CORTANTE, CORTA MEU CORAÇÃO SEUS LÁBIOS QUENTES ESTAMOS FELIZES E TRISTES E FELIZES EM DOMINGOS. VOCÊ E SUA VEIA, VEIA QUENTE, VICIOSO, VÁCUO, VEM CÁ, DIZ UMA COISA PRA MIM, VIDEOTAPE, DIZ UM VERSO VENTOSO, VENTANIA, ME DIZ MAIS UM VERSO EM QUE EU POSSA VER VOCÊ NOS OLHOS DA PALAVRA, CADA PALAVRA UMA SEQÜÊNCIA DO SEU DNA, SEU GENE. JANTA COMIGO. JUNTA COMIGO. LÁ SE VAI MAIS UM DIA ASSIM E A SAUDADE QUE NÃO TEM (...)

estamos IN RAINBOWS


Estamos IN RAINBOWS, toda contemporaneidade precisar estar IN RAINBOWS, porque é o contato direto com o inexplicável, o que essas faixas podem fazer com a gente, um TRANSE, IN RAINBOWS traz pra gente toda forma de contato consigo, é incrível como me sinto IN RAINBOWS e a gente não cansa, a gente se casa com a melodia, todas as letras, e batidas, o coração. É arte pura moderna, dá pra fazer um filme em cima de cada faixa, ontem andando sozinho, voltando do ponto de ônibus, ouvindo a faixa 2 no discman, e de repente tudo fez sentido, vi um videoclip na minha frente, meus olhos cortavam as imagens, e tudo fazia sentido, sensação incrível, um cachorro no ritmo, se esfregando no chão duro, depois luz baixa, sol indo embora, um casal de namorados, crianças pulavam no ritmo da música, da melodia, pode? Eu não sei explicar. Estou em contato íntimo e direto comigo mesmo depois de ouvir esse cd. Fazia tempo que algo não me sensibilizava tanto...

domingo, 4 de maio de 2008

Rosas brancas e calafrios

"No teu jardim dos sonhos onde cantam os lírios no asfalto
e choram as rosas de Cartola
as flores em branco
enfeitam de vida minha estante de divagações
meu instante de encantamento constante.

Flor que não é árvore
no teu roseiral já resolvido
pétalas em branco
sacralizadas na pureza das cores e dos cantos
rosa flor toda nua despedida de seus pudores
deixou a solidão do poeta
pra viver no cerno da compaixão e do carinho
doce ninho.

Flor que não é pássaro
decompõe-se à luz do sol, a interface de todos os amores
num degradê à mercê de desejos ocultos
revelados em cada passo em falso
compassos humanos em silêncio
e a vontade de voar.

Melodia, tom, sobretom, e sobretudo
quando desfaz-se o cantar do grilo
impoe-se no sereno do teu íntimo,
toda a graciosidade da rosa que se assume flor
sutilezas brancas primaveris
que faz ecoar desejos e calar de vez o frio"

Luís Lima.