sábado, 23 de fevereiro de 2008

longos versos querem dizer a coisa mínima: que não posso falar agora.

finda o céu quando te vejo
não receio a solidão
mas eu prefiro você.

Na televisão barulhenta
o som esvai dos meus ouvidos
e sua voz é a que fica
sua fala é a que se demora
e eu não me demoro a acostumar.

Trouxe um pouco de esperança
a espera não arde tanto
à espera, tudo se prolonga
estou longe e concentrado em longos versos.

Verseja o momento em que nos vemos
estamos e não estamos na mesma contemporaneidade
há um fio tênue para você se dispersar
e me dispensar como quem não quer mais saber,
pode ser, a vida é longa o suficiente.

Na televisão barulhenta
o que se passa é o que passa
o que não passa é a memória sua
melhorada em minha idealização
talvez seja a ação mais estúpida minha
mas eu me permito.

Dizer, dizer,
não estou pronto para estar entregue
o estado de espírito varia, você deverá saber
que a sua monossilábica resposta
não me afasta dos toques prováveis,
e minha imprevisibilidade vai além
do que você poderá crer.

Sua, a minha distância
é a primeira instância
de muitos momentos
pode ser que tudo se dilua
mas não acaba.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

a tirania da memória

De hoje em diante serei faca no meu passado

Tropeço

tantas veias velhas
tarântulas em teias
perambulam pelo pó
tantas velhas vêem
o que se foi
defronte o que é.
Paredes paradas
fios de memórias em porta-retratos que nada retratam.
Paredes paradas
suas veias sobem suas pernas como trepadeiras em troncos.
Paredes paradas
você, senhora, sonha em ser o quê?
A morte mansa,
responde cru.
Tantas velhas viagens
tantas médias passagens
tantas pedras pisadas
tantos pares de pôres,
tantos amores findos
tantos sonhos falidos
tantos peitos ocos
tantos poucos desejos
hoje a velha tropeça na sua esperança
e morre de tédio.

O homem moderno dissipado após uma crise de sentimentos, ou então, a sentimentalização do seu relógio, ele ficou prá trás.

tudo é mudo.
toda sua expressão emudeceu
toda sua feição embraqueceu
e eu me tornei refém da sua vacuidade.

tudo é o todo branco no seu corpo
e a gente se despede da pigmentação de sua fala
a gente tropeça no estranhamento que me causa o seu discurso
e tudo continua anulado em seus beijos embebecidos de nó.

os seus olhares que é que são?
novas formas de constelações mortas
e rosas em roseiras arrancadas por um jardineiro vil.

o que eu estou te falando é que você é feito de cor sépia
o furta-cor das suas mãos já não toca mais nada
e você, homem niilista foi engolido por palavras sem valor
e tudo ao seu redor é nada...