quarta-feira, 24 de setembro de 2008

prosear na tarde seca

senta fica à vontade, a tarde tarda a baixar, a gente pode falar de tudo, tagarelar agora é pouco, você vai beber o quê? você vai me olhar bem nos olhos baixos, e vai agora tremer a mão que tá segurando uma taça barata de vinho barato, que a gente comprou na esquina. Os pés da cadeira estão a descascar, são velhas, não importa, a tarde vai. Segue uma conversa ou outra, a gente nem sequer olha os ponteiros, os segundos e os minutos se confundem, embaçam, eu não enxergo de perto, é miopia ou o quê? é desordem na vista, na cabeça e no coração, respondo alto. Olha bem alto, tem um prédio bem alto, a gente da cadeira tomba a cabeça, pra conseguir ver tudo, olha mais. e aí a tarde à toa se demora pra acabar, o pôr do sol é assim mais bonito, quando mais esperado, e no inesperado, todo o resto se esquece.

estos ojos

estos ojos
parecen aguas turbias
son tan tristes que encierran
el día y el sol
no me olvidaré jamás
de tu seriedad trémula
de tus palavras incisivas
de como tú bailas jazz
con tus manos y tus brazos
de cómo me dices no

terça-feira, 23 de setembro de 2008

translúcido

POUCAS PALAVRAS.
palavras POUCAS.
DIZER bem pouco.
você é o desenho de um mistério.
você é o mistério de um desenho.
você é verso, é veia, você é vento,
você é vontade e desconhecido
é um estranho familiar,
uma doce visita,
que se pede pra ficar
mais.
todo TRANSLÚCIDO
todo ameno,
você é o meio e o fato
você é o receio e o instante,
instantâneo e disparado,
você é estranho
tão bem eu seu,
também eu o sou.
Translúcido e sereno,
você é o momento de ficar.
Você é o cheio, o todo, o completo,
você é o repleto, discreto, distante
você é o perto e perfumado
você é alarde, e às tonterias que faço,
ri. ri mais. mais ri.

o garoto da avon

o garoto da avon
e seus rabiscos
e pinceladas pixalizadas
e reentrâncias num mundo aberto
literalmente um céu aberto,
um campo aberto
pra percorrer
com dedos e passos fortuitos
no imprevisto perfeito
o pretérito perfeito inexiste
e sabe o pensamento
perdura.

sábado, 13 de setembro de 2008

louco no sábado louco

jantou vícios
juntou vidros
cacos espalhados
espalhou uma raiva na penumbra
acendia a luz enquanto derramava o uísque
esgueirou-se diante do anteparo
o espelho refletiu sua face incômoda
ele não estava nada comedido.
caminhou em desalentou
desastrado sorriu pra janela
abriu-a ouvindo rock
quis sair, mas não encontrou a chave
todo bêbedo imaginou-se sóbrio
quando sóbrio, não largou o uísque.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

histeria

SENTIR os olhos pesados o corpo partido na histeria do seu estrago no meu eu alado...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

parque

à tarde no parque.