terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O Eclipse

escurece
o que há entre eu e você
que se aquece e se esquece
de ser e permanecer dois?

enlouquece
a face vermelha tivesse
beijos marcados de um batom barato
você é um barato, e eu vejo o que em nós anoitece.

caísse
dor de um amor velho,
no museu que expusesse
o seu músculo, coração estilhaçado,
para ver que eu sou um bandido
um touro que quiçá fizesse toureiro caído,
machucado e aturdido.

quisesse
esquecer tudo, eu e você
mas não talvez merecesse
à mercê de nós dois
um e outro nos permitir depois.

Você me viesse dizer
que o amor em nós dois
é agora apoteótico e caótico:
vamos nos arrumar.

Entra já pela porta
não faça barulho
zombe minha face
mexa no meu cabelo
depila meu pêlo
nu a frio me deixa no chão
cubra a noite de longos suspiros,
espirros, tira o gato daí,
eu vou me deitar em você;

Reveja o porta-retrato no armário
escárnio do passado que não deu certo

de certo
você não voltaria

Nenhum comentário: