sexta-feira, 16 de novembro de 2007

um dia ou dois

Do ponto zero. Do zero. Do nada. Do branco e do escuro. As janelas abertas e fechadas, um pouco de anseio e de calma. Uma calma. Uma bizarra invenção, uma perigosa infecção. Estar com você é não estar. Morrer e morrer. Partir. (re)partir. Ficar. Desejar ficar. Olhar para o ponto zero. Olhar para trás e morrer de tanto respirar fundo. Não se respeitar por enquanto, desejar o momento e adormecer. Debaixo das cobertas e dos lençóis, os sóis na janela, os seus olhos parados. Estar e não estar com você. Caminhar junto. Alcançá-lo mais a frente. Bater de frente com o orgulho, brigar e brigar, jogar nosso porta-retrato no chão, pisar, ficar, se acalmar, tomar um café. Desejar não estar, estar. Fazer um filho com você. Caminhar junto. Dosar sua glicemia, receitar o seu remédio: eu. Te acalmar. Te desejar longe e te desejar junto. Sonhar com a volta. Brigar. Te chamar de filho da puta, te bater na cara, te beijar longe... longo. Momento do instante do agora fica assim: vem, me mostra o jornal. Não se acanhe com meu olhar. Não olhar. Pôr venda. Vender nossa casa. Ver o pôr do sol na rua de trás. Atrasar no jantar de um, dois anos. Te chamar pra casar. E um ou dois dias mais repetir toda a façanha de te conquistar. Fugir, voltar, fugir. Descer as escadas, mas depois subir o elevador, te chamar pra sair, sair sozinho. Beber demais, dormir demais, não estar demais. Estou aqui.

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