domingo, 9 de março de 2008

Amarelo crepuscular

O que é isso amarelo, crepuscular e singelo, vermelho no firmamente, firme e estranho, se faz constante nos riscos coloridos. Crepúsculo-fim-de-mundo, a gente entende no céu que é pra viver com pressa, que o tempo áureo humano se esgota, e desgasta o desejo, o lábio, o coração, a mente, tudo com precisão inexiste, e as palavras se esgotam. Crepúsculo corriqueiro, a gente vê no céu alarmante, eu quero um amor fim-dos-tempos, e me agarrar nos seus eu-te-amo pluralizados, todas as noites vociferados para eu saber que fui amado, quando o mundo se acabar. E nossa morte, um monte de corpos amontoados, será fulgurante, porque todos amantes amaram com fidel e facilidade, na reciprocidade dos beijos e anseios, tudo de mais se fez nas mãos dadas, nos afagos carinhos, a gente vendo tevê. E o amarelo crepuscular anuncia que eu e você estamos juntos pós-morte, dimensionados no vento, belamente amantes, dimensionados num tempo inexistente, pra se fazer eterno, porque a provação primeira veio, e a gente passou: a gente ficou junto. Entende?

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